Dezessete ODS para um Pacto Territorial
Caso do Colégio Territorial da Baía da Ilha Grande – Colegiado BIG, Rio de Janeiro, Brasil.
Patrick Maury, Lamounier Villela, Diná Ramos.
Contexto
No Brasil, entre 2000 e 2016, existiu um Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). As políticas de
desenvolvimento sustentável foram integradas ao nível de
territórios rurais, a governança sendo atribuída a um colegiado, recebendo apoio de uma equipe universitária. Para o colegiado BIG, cujo território corresponde ao litoral entre a cidade do Rio de Janeiro e a divisa com o estado de São Paulo, na interrupção destas políticas, surgiu a questão da provável e desejável evolução das relações com as diferentes categorias de agentes e com a extensão universitária praticada pelo PEPEDT/UFRRJ. (MAURY et al, 2021).
As prioridades federais para este território são o turismo e a logística portuária, estruturada a partir de megaempreendimentos. Um deles, o projeto de submarino nuclear do Ministério da Marinha, usa tecnologia francesa e, a referência ao Polo Tecnológico Mar, Atlântico Bretanha.
Hipóteses
• As relações dos dezessete ODS entre si desenham uma
ontologia do desenvolvimento sustentável.
• Cada ODS pode ser visto como a influência direta e indireta
de uma categoria de agente em um conjunto de processos
• Nesta forma matricial de painel de indicadores, todos os ODS podem configurar a base de um sistema de gestão do
desenvolvimento sustentável.
• Este sistema pode ser aplicado às diferentes escalas e
lógicas de agentes, permitindo comparar seus efeitos nos processos, nos resultados dos agentes e, na formação de habitus,
• Também, ele poderá contribuir para uma abordagem
sistêmica dos princípios da Gestão Social (CANÇADO et al,
2013) e sua aplicação aos territórios.
Resultados
• Configuração dos ODS (figura ao lado) de acordo com as
hipóteses acima, adotada pelo Colegiado BIG em 2020,
• Transposição dos ODS para o território da BIG, realizada
em 2021 com as organizações sociais de seis bacias
hidrográficas,
• Sistematização dessa experiência de cruzamento de
conhecimento de campo, consolidada no observatório
territorial do colegiado – OT-BIG,
• Concepção de cenários para o Polo Tecnológico do Mar –
Baía de Sepetiba – PTM-BS descrito em tese de mestrado
aprovada em 2022.
Próximos passos
• Oficinas OTB–BIG 2022–23 para a gestão e auto certificação
do Turismo de Base Comunitária – TBC em todo o destino
turístico da Costa Verde,
• Inclusão da abordagem sistêmica dos ODS no debate entre
pesquisadores, estudantes e usuários da Gestão Social,
referência na organização do próximo ENAPEGS, em 2023;
• Discussões sobre os cenários do Colegiado BIG para o Polo
tecnológico do Mar – Baía de Sepetiba PTM–BS, na
perspectiva dos ODS.
Questão de pesquisa
Considerando o protagonismo do Colegiado BIG nesse contexto e, seu objetivo de debate de um pacto de desenvolvimento sustentável baseado nos ODS, a questão que se configura é, como estabelecer uma grade de análise das relações entre os agentes e processos de desenvolvimento sustentável, levando em consideração as lógicas das cadeias produtivas e aquelas dos territórios.
Durante a pesquisa (2019-2021) a questão foi esclarecida a partir dos conceitos de:
• Habitus associado àquele de Campo de Poder (BOURDIEU)
• Painel de indicadores (Dashboard) utilizado desde a origem
dos debates sobre o desenvolvimento sustentável
• “Grande Transformação” segundo POLANYI (1983) marcador
de ciclos longos, como renda mínima, mercado do trabalho e
moeda.
• Difusão de conhecimento representado, particularmente no
Brasil, como parte integrante do tripé ensino, pesquisa e
extensão. (PEIXOTO, 2008).
Metodologia
A Prospectiva Estratégica para Empresas e Territórios GODET
& DURANCE (2011) constitui o método e a caixa de ferramentas desta pesquisa e, de sua continuidade no Observatório Territorial do Colegiado BIG – OT–BIG.
Esta metodologia baseia–se na operação booleana que mede a influência indireta das variáveis que compõem um sistema.
Suas aplicações permitem estabelecer:
• As variáveis–chave (influências e dependências)
• As relações entre os atores (percepção dos riscos)
• A configuração de cenários (probabilidades e expectativas)
• A alocação de recursos (monetários e não monetários)
• A cconsistência e a congruência das opiniões
A abordagem territorial dessa metodologia a situa entre o
technological forecasting e o institutional building.
Bibliografia
CANÇADO, A., PEREIRA, J., TENÓRIO, F. Gestão Social,
epistemologia de um paradigma. Curitiba, CRV, 2013.
GODET M e DURANCE P. Prospectiva Estratégica para
Empresas e Territórios. Dunod–Unesco, 2011.
MAURY, P.et al. Gestão social por colegiado e Extensão
universitária: Imaginar futuros para o território da Baía da Ilha
Grande (RJ). In NAU SOCIAL V.12 n23 p768–785 Mai–Out 2021.
PEIXOTO, M. Extensão Rural no Brasil, Uma abordagem
Histórica da Legislação, Brasília, Senado Federal. 10/2008.
POLANYI, K. A Grande Transformação, para as origens
políticas e econômicas do nosso tempo. Gallimard, 1983.