Visita ao Quilombo do Campinho, Paraty/RJ
21 de Junho de 2023
Coordenador: Vaguinho (Presidente do Quilombo, Codiretor do FCT e do OTSS) com participações de Dany
Mediador(a)es: Prof. Dr. Lamounier E. Villela (Coordenador do PEPEDT)
Profa. Dra. Eliana Ribeiro (Embrapa e UFRRJ)
Apresentações
Quinta etapa do ENAPEGS na Prática, esse Quilombo foi um dos primeiros a ser titulado (1999). Desde esta data ele constitui o eixo do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) que abrange atualmente o litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, entre a Ilha Grande/RJ a Ilhabela/SP. Ele representa de maneira paritária Caiçaras, Indígenas e Quilombola. O FCT atua em rede com programas de extensão universitária, principalmente com a Fiocruz, desde 2017, no Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina – OTSS (https://www.otss.org.br).
A visita teve uma parte de apresentação, observação em campo e discussão no restaurante do Quilombo, com visita do sistema de saneamento ecológico.
A Embrapa participa do Observatório com pesquisas e orientação de teses pela professora Eliana Ribeiro, sobre Sistemas Agroflorestais e Manejo da Juçara, na bacia hidrográfica do Paraty-Mirim.
Apresentação / retrospectiva: São 150 famílias em 13 núcleos numa área total de 288 hectares. “O momento hoje é de remobilização das lutas políticas no Congresso Nacional, com novas perspectivas de pesquisas, extensão e políticas públicas”. A participação do Quilombo no movimento da Agroecologia teve início em 2016 no Encontro Estadual (RJ) e 2017, com a Fiocruz, no Encontro Território e Saúde. O FCT terá importante participação no Congresso Nacional de Agroecologia em 11/2023.
Há uma longa pauta de enfrentamentos principalmente os efeitos da implantação dos megaempreendimentos que trazem violência e, das Unidades de Conservação estabelecidas em cima de áreas de CT: caso da Reserva Ecológica de Joatinga (categoria não prevista no SNUC), e da RPPN Laranjeiras (operação imobiliária disfarçada), na divisa RJ/SP que isolou CT e a RDS do Aventureiro na Ilha Grande/RJ que impede a pesca por outros caiçaras da Ilha.
O Movimento das CT passa pelas organizações quilombolas nacional (CONAQ) e Fluminense (QUILERJ), pela Coordenação Nacional Caiçara, pela organização de outro FCT no Vale do Ribeira (SP), pela CONFREN da pesca artesanal em Reservas extrativistas (RESEX), pelos povos de Terreiros da Ilha da Maré/RJ, no Sergipe por movimento de mulheres e no Nordeste (SE-PE-BA) por Programas de Educação Ambiental financiados por royalties do petróleo.
O Turismo de Base Comunitária (TBC) se tornou um eixo importante com o restaurante do quilombo, alinhado com a produção nas roças, (criado em 2007, premiado em 2015, vitrina de saneamento ecológico com apoio do projeto Saúde e Agroecologia – SARA da Fiocruz), a Casa do Artesanato, Vivências na Roça, a Central do TBC (5 roteiros em finalização), participações na Feira Internacional de Literatura de Paraty (FLIP) e Evento internacional sobre Troca de Saberes programado para 2024.
O debate se desenvolveu principalmente durante a visita das roças do Quilombo e durante o almoço no restaurante do Quilombo.
Nas roças o diálogo envolveu particularmente a professora Eliane Ribeiro que mostrou a contribuição do quilombo na evolução das práticas de recuperação ambiental de matas ciliares, quando levou à aceitação de cultivos como a bananeira no processo.
No restaurante a ênfase se deu nas perspectivas de apoio da extensão universitária. Em diversas oportunidade Vaguinho ressaltou a expectativa da extensão contribuir atuando junto a sua instituição de origem para facilitar o acesso das CT aos cursos e ao apoio técnico, principalmente no TBC e na gestão dos recursos hídricos.
Em conclusão foi estabelecido que as variáveis estratégicas de médio prazo para uma parceria são a reavaliação pela UNESCO, em 2024-25 do título de Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade e articulação de parcerias diversas com a Universidade Federal Fluminense – UFF na Educação Diferenciada e a possibilidade de uma base em Paraty da Licenciatura em Educação no Campo da UFRRJ.
A consolidação do observatório (OTSS) como espaço de diálogo e troca de saberes está evoluindo para a consolidação tanto com a transformação do OTSS em Campus avançado da Fiocruz quanto pela capacidade do FCT de ampliar sua área geográfica de atuação, replicando os processos de acompanhamento de conflitos, de protagonismo no reconhecimento de patrimônio da humanidade e de contribuição aos avanços de sistemas produtivos agroflorestais (SAF), com a Embrapa.
Opinião do(a) Relator(a): o que chamou sua atenção na atividade?
Existem várias evidência da contribuição do FCT em termos de tecnologia, de gestão social e, de sinergias de rede.
O diálogo entre os observatórios territoriais (OTSS e OT-BIG) integra também o trabalho da Bacia Escola, parte do campus avançado da UFF em Angra dos Reis e a bacia do rio Abrão na Ilha Grande, onde foi realizado com a Associação Educação Solidária, integrante do Colegiado BIG, nas sede das UC do INEA, o 2º Fórum do Colegiado BIG, Gestão social no turismo na Ilha Grande, incluindo a devolutiva da dissertação, Arranjos produtivos locais e Desenvolvimento Territorial Sustentável: dinâmica do APL do turismo na Ilha Grande, Angra dos Reis/RJ (Lima, 2023).
A continuidade das ações e de referência junto a estas entidades será determinante na efetividade da extensão universitária e melhoria da qualidade da pesquisa.
Finalmente, destacaria a posição da expectativa do Vaguinho de encontrar na extensão mais uma parceira que um público.